Craques do planeta bola Parte 1: Andrey Arshavin

Carreira

Zenit

Atuando como meia ou atacante, jogou no Zenit São Petersburgo desde 1999, quando iniciou a carreira, na equipe B do clube de sua cidade. Ascendeu à equipe principal no ano seguinte, debutando em agosto, em partida contra o time inglês do Bradford City pela extinta Copa Intertoto.

Aos poucos, foi tornando-se o "motor" ofensivo da equipe, chegando à terceira colocação no campeonato russo de 2001 (quando foi eleito o melhor pela imprensa no meio de campo) e vice em 2003. Em 2006, a imprensa e a União de Futebol da Rússia o elegeram o melhor do campeonato e o órgão também o nomeou como o jogador russo do ano.

O título finalmente veio em 2007, o primeiro nacional do clube desde o campeonato soviético de 1984 (quando ainda era Zenit Leningrado). Arshavin, que marcou onze gols pelo Zenit nas suas 25 partidas na UEFA Cup (atual UEFA Europa League) pela equipe, estufou dez vezes as redes e distribuiu onze assistências em suas 30 partidas (todos os jogos do Zenit, que deteve do melhor ataque do torneio) no campeonato, solidificando sua constante presença nas convocações para a Seleção Russa.

Posteriormente, liderou o clube na UEFA Cup. A equipe, após um mau início na primeira fase, tornou-se sensação após eliminar os tradicionais Bayer Leverkusen, Olympique de Marseille e o mais favorito dos adversários, o Bayern de Munique. A final seria no Reino Unido (em Manchester), contra um time britânico, o escocês Rangers, cuja torcida se fez presente em ampla maioria no City of Manchester Stadium.

Novamente, o Zenit surpreendeu, e Arshavin deu o primeiro passo: embora tenha perdido grande chance de gol após passar pelo goleiro rival, minutos depois encontrou espaço na fechada defesa adversária para dar bom passe para Igor Denisov abrir o marcador. Um gol no final de Konstantin Zyryanov selaria o título, fazendo da equipe a segunda russa a vencer um troféu europeu (três temporadas antes, o CSKA Moscou sagrara-se campeão do mesmo torneio).

Começou a ser sondado entre os principais clubes europeus, principalmente após sua bela participação semanas depois, na Eurocopa 2008. Não escondeu seu sonho em atuar pelo Barcelona, clube que torcera na infância, na época em que o time era comandado por Johan Cruijff. O clube catalão, onde seria o primeiro jogador russo, foi um dos dois que lhe fizeram proposta oficial no período. O outro foi a equipe inglesa do Tottenham Hotspur, que acabou contratando posteriormente seu colega de Seleção Russa Roman Pavlyuchenko.

Zenit preferiu deixá-lo entre os reservas enquanto o atacante não se decidisse - entrou na própria decisão da UEFA Super Cup contra o Manchester United, terminada em histórica vitória por 2 x 1 dos russos, no decorrer do segundo tempo. O prazo para transferências internas na Europa encerrou-se sem que os clubes cobrissem o preço desejado pelo Zenit, e Arshavin acabou não sendo vendido mesmo com a proposta de €17 milhões do Tottenham^[1].

O segundo semestre do Zenit acabou não sendo tão bom: foi eliminado na primeira fase da Champions League e chegou apenas em quinto lugar na Premier League Russa, o que reforçaria os rumores da saída de Arshavin na janela de transferências de janeiro. Ainda assim, o russo conseguiu um sexto lugar entre os trinta jogadores que concorreram à Bola de Ouro da France Football, atrás do favorito Cristiano Ronaldo, de Lionel Messi e dos campeões europeus Fernando Torres, Iker Casillas e Xavi Hernández.

Arsenal

Após todo um semestre de especulações sobre possíveis transferências para os grandes centros europeus, acertou sua ida para a equipe inglesa do Arsenal, em 2 de Fevereiro de 2009, justamente o maior rival do Tottenham, por €1 milhão a mais que os Spurs haviam oferecido: por €18 milhões, Arshavin chegou aos Gunners como a contratação mais cara da história do clube, encerrando um período de dez anos no Zenit. Com isso, encerrou-se também uma das mais complicadas operações de transferências já feitas: o negócio havia sido divulgado antes do fim do prazo pela Sky Sports para em seguida veicular-se o fracasso da negociação.

A venda só seria oficializada no dia seguinte, graças à extensão exepcional do prazo aceita pela Federação Inglesa devido às nevascas ocorridas no dia 2. Estreou em 21 de Fevereiro, no empate em 0-0 contra a equipe do Sunderland. Tornou-se assim o terceiro jogador vindo de uma ex-República Soviética (e primeiro russo) a jogar no Arsenal; seus antecessores foram o ucraniano Oleh Luzhnyi (1999-2003) e o bielorrusso Alyaksandar Hleb (2005-2008). Seus dois primeiros gols pelos Gunners foram marcados em 14 de março, na vitória por 4-0 sobre o Blackburn Rovers - embora o primeiro tenha sido considerado como gol contra do neerlandês André Ooijer, em quem o chute de Arshavin desviou. Nessa mesma partida, o russo também foi muito elogiado pelas assistências que fez.

Aprimorando-se cada vez mais, teve seu ápice na nova equipe até então em 21 de Abril de 2009, com uma atuação magistral na partida contra o Liverpool em Anfield Road: em partida terminada em 4 x 4 no campo adversário, Arshavin fez os quatro gols do Arsenal, todos celebrados com seu característico pedido de silêncio na comemoração.

Em entrevista no seu primeiro semestre no Arsenal, Arshavin revelou que está satisfeito no Arsenal e que poderia até encerrar sua carreira com a camisa do clube. Nas doze partidas em que o russo jogou pela equipe na primeira edição da Premier League que disputou, os Gunners não perderam, com oito vitórias e quatro empates e 67% de aproveitamento; sem ele, o índice caiu para 50%.

A invencibilidade particular de Arshavin só cairia já nas disputas 2009/10, em derrota de virada por 1 x 2 para o Manchester United, em Old Trafford. Ainda assim, foi um dos mais ativos jogadores do Arsenal, tendo marcado o gol solitário do time e fazendo outras jogadas perigosas. Quando o clube foi goleado por 2 x 4 para o Manchester City, dias depois, ele não estava em campo, lesionado após compromisso com a seleção russa contra o País de Gales, nas Eliminatórias para a Copa de 2010.